Dias sim, dias não

Beatriz de Andrade (btz)
2 min readOct 26, 2023

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Infelizmente, este nunca é o lugar onde costumo extravasar meu bom humor e empolgação. Normalmente, eu recorro a rabiscos e frases sem nexo para dar vazão a sentimentos confusos, pesados ou persistentes em me incomodar.

Mas não se preocupe, nem se iluda pensando que só vivo de divagações estranhas, lamentos ou relatos de viagens profundas a poços cinzentos até que finalmente se alcance um raio de esperança. A grande maioria dos meus dias no último ano tem sido repleta de bom humor, leveza, confiança e contentamento. Acontece que, nestes dias, eu me expresso de maneira diferente, seja em outras plataformas ou na vida real. Às vezes, até socializo e converso com pessoas (e gosto. Acredite, é possível!).

Este é um aviso: por aqui, há mais daquilo que guardo para mim, pensamentos que não compartilho simplesmente porque não acredito que haja um público interessado. Além disso, raramente leva a algum lugar que justifique divagar aos quatro ventos. Então, saiba que está por sua própria conta e risco (de perder um pouco de tempo).

Sendo assim:
“Adivinhe só, hoje é um daqueles dias que desencadeiam um turbilhão de sentimentos, geralmente negativos. Estou profundamente desapontada com circunstâncias que apontam na direção oposta dos meus planos e irritada com minhas próprias decisões diárias de fugir da disciplina que, no fundo, sei que seria benéfica para o meu bem-estar. Mas, por “sorte”, hoje compreendo a importância de respeitar os dias ruins, de acolher os sentimentos negativos que têm uma base sólida e me permitir sofrer por eles.

Tenho confiança de que terei dias para reavaliar e estabelecer novos objetivos e soluções, dias para ajustar minhas ações, dias para descansar, dias para enfrentar desafios e, claro, dias para desfrutar (ou sofrer com) as consequências do novo plano traçado.

Portanto, hoje, resta-me a angústia, as lágrimas (se der vontade), um chá quente para encontrar algum conforto e aquela musiquinha nostálgica que me transporta para tempos mais difíceis, já superados — Sim, eu uso esses recursos emocionais para lembrar que todo sentimento de hoje está distante e muito mais evoluído do que de épocas passadas. Apesar do lampejinho de tristeza, da decepção comigo mesma e da frustração com os obstáculos no caminho, nada se compara ao tempo em que não havia planos, sonhos ou esperança de um futuro melhor, de um futuro.

Aquele tempo em que o dia de amanhã era indesejado, o dia de hoje desinteressante e o dia de ontem envergonhante. A condição atual me permite reconhecer que hoje é apenas mais um dia entre muitos, um dia de lágrimas em meio a tantos outros de sorrisos e sonhos.

— Mas em meio a isto tudo, bora, que tenho trabalho que precisa ser entregue a louça pra lavar!”

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Beatriz de Andrade (btz)
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Written by Beatriz de Andrade (btz)

é cada vez mais evidente: não pertenço a este mundo

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